Uma pequena obsessão por legs

As coisas estão meio pesadas por aqui. Então, futilidade já, como se fosse uma injeção. Ia falar sobre amizade e tristeza. Mas nada disso! Quero fala sobre leggings. Ou, mais que isso, sobre uma obsessão fashion que tomou conta do meu armário, do meu ser e do meu bolso.
Tudo começou com uma viagem para Berlin. Depois de ver que todas as meninas (e alguns meninos também) não estavam usando jeans, e sim algo que me pareceu muito mais legal, comecei a me achar o próprio lixo da moda. A total falta de estilo encarnado em um ser humano que não fala alemão. Até que percebi que eles tinham algo que eu não tinha, leggings incríveis. Sim, eu sou uma pessoa ridícula, capaz de sofrer muito por causa de coisas que parecem bobas. E também capaz de ficar feliz com bobagens, como a legging preta brilhante que achei na New Yorker, uma espécie de Marisa de Berlin. Ganhei auto-estima imediatamente. Tem uma música do Mundo Livre, bem antiga, que diz. “Com um bonezinho como esse, qualquer nordestino vira paulistano”. E foi isso que eu senti, “com uma legging como aquela, qualquer terceiro mundista virava européia.” E tenho absoluta noção do quanto estou sendo fútil nesse texto. Mas a vida é dura. E futilidade é uma coisa boa.
Acabei comprando também uma legging colorida, cheia de marca de tinta. Achei que nunca ia usar. Mas aí voltei ao Brasil e decidi fazer algumas visitas a uma loja chamada American Appareal. Bem, eu odiava essa loja por causa do nome. Era contra. Mas como eu sou coerente só até a página 2, entrei lá um dia e saí com outra legging preta. Vou poupar vocês dos detalhes do surto de consumo. Basta dizer que hoje tenho seis leggings. E só de escrever isso sinto vergonha. Uma delas é prateada. Será que eu vou ter coragem de usar algum dia?
E a prova de que eu sou uma fraca da moda. Há alguns anos, eu escrevi que legging era uma coisa que só ficava boa no estilista Dudu Bertholine. Ele me propôs o desafio da legging. É sério. Ele me montou com legging, eu achei que ele me convenceu e ganhou o desafio. Mas só agora estou dando razão para o Dudu no dia-a-dia. Dudu, você sempre esteve certo, sempre. Por que eu não te ouvi antes? Coisa boa a gente poder ser fútil quando a vida pesa.

(Nina Lemos)

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